O 1º Ano de Praia do Papucha

No 1º Verão do Papucha, fomos para o Algarve durante 15 dias com os avós maternos, porque o pai estava na tropa e passou o mês de Agosto em Tavira, assim estávamos mais perto e víamo-nos com alguma frequência.
Alguns dias, fomos até Armação de Pera, onde estavam os outros avós e os primos.
O Papucha tinha 10 meses e pouco, já se sentava bem e adorava a praia e a água do mar (mesmo fria).
Mas o que realmente ele mais gostava, era mesmo de comer bolacha Maria envolta em areia.
Primeiro metia a bolacha na boca para a molhar com saliva, depois mergulhava-a na areia e só assim a comia, tendo o cuidado de ir mergulhando na areia, à medida que ia comendo.
No primeiro dia, ainda troquei a primeira bolacha por uma limpa mas, quando vi que, sem areia, ele não comia a bolacha, desisti e deixei-o comer como ele queria.
Quando fomos passar uns dias com os avós paternos, a certa altura vejo a avó, tirar a bolacha cheia de areia da mão do Papucha, deitá-la fora e dar-lhe uma nova. A cena repetiu-se umas 4 vezes, até que eu tive que explicar à avó que era mesmo assim, ele não comia bolacha sem areia e deitar as bolachas fora era um desperdício!!!...
Bastante contrariada e muito preocupada com a saúde do neto, a avó lá desistiu de tirar as bolachas com areia da mão do Papucha :)

“Pai, esqueceste-te de mim!!!......”

A creche da Pulga ficava mesmo em frente ao trabalho do pai, do outro lado da rua como tal, de manhã, eles iam juntos de carro.

Uma manhã mais atarefada, em que saíram um pouco mais tarde de casa e o pai já ia a pensar em todo o trabalho que tinha pela frente no resto do dia, ao estacionar o carro no local de trabalho, ouve uma vozinha no banco de trás….

“Paiii, esqueceste-te de mim………….”


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Arroz de bolinhas

Um dia a Pulga pediu:

- Mãe podes fazer arroz de bolinhas mas sem bolinhas? Eu adoro esse arroz mas não gosto nada das bolinhas………..

Ainda hoje ela consegue comer arroz de ervilhas mas tira todas as “bolinhas” que encontra e deixa no canto do prato.

Aliás em tudo o que come tem sempre que encontrar alguma coisa para deixar no cantinho do prato!!!! Umas vezes são os cogumelos, outras o bacon, os pimentos, o tomate, em fim, tem que ficar sempre alguma coisa……………

Depois do arroz de bolinhas sem bolinhas a que eu mais gosto é mesmo o pão com chouriço sem chouriço!!!!.....

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O Xailinho da Pulga

A Pulga nunca usou chupeta assim como nunca usou biberon porque tinha vómitos com a tetina.
Quando ela tinha meia dúzia de meses começou a ficar um pouco mais fresco durante a noite e nós usámos um xaile de renda que tinha sido oferecido ao Papucha quando ele nasceu, para a tapar. Ela odiava os lençóis mas o xailinho era leve e ela lá se foi habituando.
Ao fim de algum tempo reparámos que ela usava o xaile como chupeta e foi assim até quase aos 6 anos….
Este era o aspecto do “xailinho” ao fim de 4 anos, no final já era só um emaranhado de fios….
Uma vez fomos passar uma semana ao Minho e só já perto do Porto é que nos lembrámos que o dito tinha ficado em casa. Foi terrível!!!... Felizmente era Inverno e, entre outras, eu tinha levado uma camisola de lã que, muito a custo e com algum sofrimento, ela acabou por aceitar que substituísse o xailinho.
Na creche, ao fim de algum tempo proibiram a entrada de um objecto com tão mau aspecto, como tal lá, davam-lhe uma fralda que ela aceitou mas, com a condição de ser só na escolinha. Assim que chegava a casa ia logo a correr buscar o xailinho.
Não era só para dormir, era mais para se sentir “protegida”, sempre que estava triste a primeira coisa que ela procurava era o xailinho, era o conforto dela!!!!.........

O primeiro relógio da Pulga

Ela queria muito um relógio mas, sempre que lhe perguntávamos, ela não sabia ver as horas.
Quando lhe dissemos que só ia ter um quando aprendesse olhou para o meu relógio e disse direitinho que horas eram.

Confessou agora que, às vezes, levava o relógio do Papucha escondido dentro da pasta para ver as horas na escola, sem nos dizer nada.

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A GNR perdeu a minha carta!....

Era Verão, cerca das 4h da manhã, estávamos no Algarve, já a dormir, quando o telemóvel tocou, era o Papucha:

- Pai, fui parado numa operação STOP e a GNR perdeu a minha carta!

- O quê? Apreenderam-te a carta?

- Não, perderam mesmo a minha carta!!!!.... Agora o que é que eu faço?

Nesta altura já estávamos os dois bem acordados, sentados na cama.

Ao sair duma discoteca, em direcção a um sítio qualquer onde iam comer uns hambúrgueres, o Papucha e os amigos foram parados numa operação STOP. O polícia que os mandou parar, pediu os documentos, perguntou se ele tinha bebido ( não tinha!!!!) e levou tudo até ao carro patrulha. Quando voltou para os mandar embora, faltava a carta de condução.

Depois de muita insistência passaram-lhe uma guia para ele ir, no dia seguinte à esquadra já que não encontravam mesmo a carta!

No dia seguinte lá estava a carta com a nota de que havia sido "perdida" pelo proprietário"!!!!.....

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As colheres de café

Sempre que íamos a um café quando o Papucha era pequenino, ele ficava impaciente e, para podermos apreciar a nossa bica com calma, dávamos-lhe uma colher e ele ficava a brincar com ela.

À saída voltávamos frequentemente a trás porque ele levava a colher na mão. Mesmo assim temos uma coleção infindável de colheres de café porque, muitas vezes, ou por preguiça de voltar a trás, ou mesmo porque não dávamos por isso ele levava a colher com ele até casa.

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A Missa

Com cerca de 4 anos a avó levou o Papucha à missa. Quando voltou para casa ele disse todo contente:

- Mãe, já sei o que é a missa! É aquele sítio onde as pessoas sentam-se,…., levantam-se,…, sentam-se,…., levantam-se!!!....
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Mas a mala não era minha….

Salvo erro estávamos no verão de 1987, em Setembro toda a família se juntava na praia e as tias mais velhas divertiram-se o mês inteiro, a pedir várias vezes por dia (para nossa desgraça…) ao Papucha, para contar a história da mala!!!!....

Resumidamente tratava-se de alguém que estava sentado num comboio com uma mala pousada no banco ao seu lado. À medida que o comboio enchia apareciam pessoas que pretendiam sentar-se nesse lugar mas o senhor recusava sempre tirar a mala de cima do banco. A certa altura alguém chama o revisor que insiste várias vezes para que o passageiro retire a mala, caso contrário ver-se-á obrigado a atirar a mala pela janela fora. Perante a recusa do passageiro, o revisor, cumprindo a ameaça, abre a janela, pega na mala e atira-a para o exterior do comboio. Aí o passageiro, com muita calma, cantarola:

“- Mas a mala não era minha!..... Mas a mala não era minha!....”

Quando chegava a esta parte as tias e a avó riam todas a “bandeiras despregadas” e, pouco depois, já estavam a pedir para ele contar a história mais uma vez!!!....

O problema maior do Papucha é que ele era muito trapalhão a contar a história, saltava algumas partes…., cantarolava outras…., mas não há dúvida que já nessa altura, ele conseguia cativar a atenção das pessoas e, principalmente, conseguia diverti-las!

Ele é, sem sombra de dúvida, um comunicador nato e um óptimo animador!.... é o nosso "palhacinho de serviço"!!!!.......

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O que é que ela vai inventar a seguir????

Os 10 meses da Pulga foram o início da era dos disparates!!!.........

Tivemos que tapar todas as tomadas com fita isoladora mas o resultado não foi muito bom, porque, pouco tempo depois ela tinha tirado tudo tendo o cuidado de nos vir devolver a fita!

Outras brincadeiras divertidas eram despejar cinzeiros, comer beatas ou puxar o naperon da mesa para deitar tudo ao chão (jarras incluídas!!!...) ou estender-nos alguma coisa para nós agarramos e, quando estávamos quase a pegar ela escondia atrás das costas!!!!.....

Tudo isto até que poderia ter algumas atenuantes se ela não tivesse o requinte de malvadez de chamar a nossa atenção imediatamente antes de fazer estas coisas caso não estivesse ninguém por perto!!!... Primeiro chamava por nós, depois fazia o que queria e, quando a seguir nós ralhávamos com ela, sentava-se no chão a rir às gargalhadas!!!....

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Já sei andar!

Aos 8 1/2 meses a pulga já se põe de pé agarrada às coisas e, se está com paciência, senta-se devagarinho, quando está com pressa atira-se para o chão o que, por vezes deixa algumas marcas menos agradáveis!
Aos 9 meses o Papucha resolveu ensiná-la a subir os três degraus que temos no hall de entrada, o problema é que não a ensinou a descer!...
Ela adorou a novidade e, sempre que nos apanha distraídos gatinha até lá em alta velocidade, sobe as escadas, senta-se e bate palmas toda contente!!!... O problema é quando não vamos logo lá buscá-la porque ela perde a paciência e atira-se, nem sei bem porque é que não ficou ainda com mais galos”!!!....
Aos 10 meses já andava bem em pé desde que alguém lhe desse a mão, rapidamente aprendeu a descer as escadas de costas e foi a nossa desgraça…. Nunca mais parou!!!....

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Vocabulário

Aos 8 meses a Pulga, para além de dizer “pápa” e “dá dá” quando queria alguma coisa, dizia também “mamã”, “olá” e, como não poderia deixar de ser a mais utilizadas depois do “dá dá” “NÃO”!!!

Aos 10 meses já dizia "pai". Aliá foi exactamente nessa altura que ela deu o primeiro beijo e o feliz contemplado foi, exactamente, o pai!!!....

Em contra partida o Papucha, que na altura tinha 4 anos e 7 meses já falava muito melhor, pelo menos dizia frases com mais de uma palavra, tipo:

“Esta camisola está rotida, tens que a coser!!!!”

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A dentada

Os primeiros dentes da Pulga apareceram por volta dos 4 meses.
Aos 6 ou 7 meses ela descobriu a utilidade deles.... morder!!!!!.....
Um dia agarrou na mão do Papucha e mordeu o dedo, com tal força que fez um buraquito!!!....
Ela desatou a rir e a bater palmas mas, quando percebeu que o irmão estava a chorar, agarrou-se ao pescoço dele a fazer festinhas na cabeça, uma verdadeira ternura....

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Nós vamos ser pretos!”

(Papucha, em Moçambique, com 4 ½ anos)

- Sabes que nós vamos ser pretos quando sermos velhos? O Sr. Mário (o cozinheiro) disse que os pretos nascem brancos. Então como eu nasci branco, quando ser velho fico preto!....

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Amigdalite

Aos 7 meses a Pulga teve uma amigdalite e esteve uns dias a antibiótico três vezes ao dia. Uma dessas “tomadas” era à meia-noite antes do biberão, que ela já bebia sozinha.

Uma das noites acordei, dei-lhe o antibiótico, depois o biberão e voltei para a cama para dormir!

Ela, quando acabou de beber o leite, desenroscou a tampa e atirou-ma à cara (eu já estava a dormir), depois atirou o biberão vazio contra a porta do quarto, deu uma gargalhada e pôs-se a bater palmas!!!!......

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A primeira visita às urgências

Com cerca de 6 meses o Papucha acordou por volta da meia noite para comer. Quando, depois de todo o ritual (mamar,…, arrotar,…, mudar fralda…) o tentámos deitar ele desatou a gritar. Voltámos a tirá-lo da cama e ele calou-se. Esperámos um pouquinho, ele adormeceu ao colo, baixámo-nos para o deitar e……… de novo a gritaria!!!!.....

Não pode ser, como é que uma amostra de gente já tem toda esta manha? Se está ao colo cala-se e até ri para nós (coisa rara no Papucha que sempre foi muito “sisudo” ) se o tentamos deitar desata a gritar!!!

Desespero total! O pai já grita que só pode ser uma grande birra, eu concordo, até que, finalmente, por volta das 6h da manhã, em desespero de causa, resolvemos ligar para casa dos avós para ver se alguém tem alguma sugestão útil já que nós estamos completamente desesperados e em vias de o deitar pela janela fora!

- Já viram se ele não está com dores de barriga ou de ouvidos?

- E como é que isso se vê? Ele não fala!!!!....

Lá começámos a apalpá-lo, “peça” por “peça” até que, quando chegamos ao ouvido direito ele dá um grito tal que até os móveis abanam!!!....

Que horror! Que pais desnaturados que nós somos!... A criança esteve a gritar com dores de ouvidos desde a meia noite até às 6h da manhã e nós não fizemos nada!!!.... Bom, a culpa não foi só nossa, acho que não lhe tinha custado nada dizer o que se passava, mesmo que não quisesse falar, podia muito bem ter apontado para o ouvido, nós íamos entender!!!!.....

Lá fomos a correr para as urgências de Sta. Maria. Acordámos o otorrinolaringologista de serviço que, com um ar meio ensonado, me mandou sentar com o bebé ao colo. Fazia dó vê-lo chorar a apertar as mãozinhas uma na outra, enquanto o médico se preparava para ver o ouvido. Era mesmo uma otite e grande!!!!.... Assim que ele pôs qualquer coisa lá dentro que fez com que um líquido castanho começasse a escorrer para fora, o Papucha adormeceu instantaneamente e já só acordou a meio da manhã já em casa, para comer! Nem o resto do tratamento que o médico lhe fez, nem a viagem até casa o fizeram acordar….

Desde esse dia, cada vez que ele ou a Pulga choravam, eu apalpava-os todos para ter a certeza que não lhes estava a doer nada!!!.....

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Acabou a licença de parto, e agora?

Quando o Papucha estava quase a fazer 3 meses, descobrimos que estava também a acabar a minha licença de parto e que não tínhamos ninguém a quem o deixar.

Foi uma corrida a tudo quanto era infantário e descobrimos que era bem mais complicado do que alguma vez pensáramos!!!...

Uns estavam cheios, outros não aceitavam bebés, outros tinham uns preços que nunca nos passara pela cabeça que alguém, no seu perfeito juízo poderia pedir…. Em fim, foi o desespero total!!!... Finalmente alguém nos falou que, em Campolide, tinha aberto um novo infantário da misericórdia e, eventualmente, ainda poderia ter vagas. Lá fomos a correr ver! Era simpático, muito limpinho, arejado e com espaço para brincadeiras, se bem que, com a idade dele isso não era ainda uma prioridade!!!... Os principais “inquilinos” eram filhos de “moradores” do Casal Ventoso, mas, dadas as circunstâncias, isso para nós não era problema!!!... Mesmo assim, fiquei angustiada a pensar que, dentro de pouco tempo, teríamos que deixá-lo fora de casa durante todo o dia.

Mesmo na véspera de começar a trabalhar apareceu a Joaquina! Foi a nossa salvação!

A Joaquina, que morava na Raposeira, uma pequena aldeia perto de Sintra, passou a vir todos os dias com o Bruno, o filho de 5 anos, para tomar conta do Papucha.

Um ano depois, o Bruno entrou para a escola e, segundo a professora e a psicóloga, ele estava a ter problemas por quase não estar com a mãe que saía de madrugada e regressava já de noite depois de ter passado o dia a tomar conta do Papucha.

Aí recomeçou tudo de novo…. Procurar escolas com vagas e preços compatíveis….

No trabalho do pai havia um, mas só aceitava crianças a partir dos dois anos e já sem fralda, ainda faltavam uns meses para o Papucha fazer 2 anos, como tal tivemos que arranjar algo para o tempo que faltava. O escolhido foi um infantário perto da Av. Duque D’Ávila, num 1º andar, ficava em caminho e não tinha muito mau aspecto (pensando bem agora, era mesmo horrível!!....).

Foi dramático, o Papucha ficava a chorar, eu saía a chorar, nem aos fins de semana ele queria sair de casa. Começava a chorar assim que entrava no carro e só parava quando passávamos a porta do infantário sem parar o carro. Foram os piores meses da minha vida de mãe…….

Finalmente, quando voltámos de férias, ele foi para o novo infantário do trabalho do pai e aí sim, ele ficou todo contente até entrar para a escola!

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Quero ir para casa!

A Pulga, com uns 6 anos foi até ao trabalho do pai. Era suposto ser uma coisa rápida mas acabou por demorar algum tempo. Ela, como sempre, entreteve-se com uma caneta e uns papeis para fazer desenhos.
Ao fim de algum tempo perguntou:
- Pai, quando é que vamos para casa?
- Vamos já, estou só a acabar uma coisa!....
Quando, finalmente, o pai acabou “a coisa”, foram embora!
No dia seguinte, ao voltar ao trabalho, o pai reparou que, na parte de trás da secretária dele estava escrito, a caneta:

“Pai, vamos para casa”



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Abelha Maia

Na praia, junto ao bar, havia uma maquininha com a Abelha Maia que, ao colocar uma moeda, abanava e começava a tocar música.

Todas as pessoas que tinham toldos nos arredores deviam ficar em pânico cada vez que uma criança se aproximava da máquina já que a música era do mais irritante que havia e, ainda por cima, estava muito alta!!!...

O Papucha, com dois ou três anos, adorava andar naquela máquina, e estava sempre a pedir “dinhêlo” para poder andar.

Fazia umas caras tão giras lá em cima que, mesmo pessoas que não o conheciam de lado nenhum, ao passar, sempre que ele, já sentado em cima da Abelha, esticava a mão e pedia “…dinhêlo”, acabavam por pôr mais uma moedinha na máquina! E ele lá passava horas seguidas a andar em cima da Abelha Maia….

Nota:

Para quem quiser recordar a música.....

http://www.youtube.com/watch?v=F92Npd1x6E0

Imagem: http://www.junior.te.pt/Final/ImgABR/concurso/abelha_maia2.jpg

O Circo

(Papucha com 4 ou 5 anos)

Nas traseiras do apartamento do Algarve onde o Papucha costumava passar uns dias de férias com os avós, instalava-se, durante o Verão, um circo. Ele ia até à varanda ver a tenda e, quando sabia que havia alguém por perto que o pudesse ouvir, dizia:

- De que me serve ter um Circo mesmo ali em baixo se eu não tenho dinheiro para comprar um bilhete?

Aí, os avózinhos, cheios de pena do menino, lá o levavam a ver o circo!



Imagem: http://www.arcadovelho.com.br/Circo/circo.jpeg

O Pix

(Papucha com 2 ou 3 anos)

O Papucha foi a primeira criança dentro do nosso grupo, como tal ganhou logo um montão de tios e tias sempre prontos a brincar com ele.

De vez em quando íamos todos passar o fim de semana a Azeitão (Picheleiros). A casa tinha um grande jardim e ficava já na zona protegida da serra da Arrábida.

Éramos muitos como tal o Papucha andava por lá “à solta”. Havia também o Pix um Golden Retriever que tinha uma paciência infindável par ao Papucha.

Era uma delícia ver o Papucha dar bocadinhos de Bolacha Maria ou pão ao Pix que, com todo o cuidado deixava-o pôr as migalhas dentro da boca. À tarde, dormia a sesta deitado na barriga do cão que ficava imóvel até ele acordar.

Para onde quer que o Papucha fosse, o Pix ia atrás!

Um dia, ouvimos o Pix a ladrar desesperadamente, como não se calava acabámos por ir espreitar ao jardim. O cão estava já fora do portão, a correr dum lado para o outro, ao longo da estrada de acesso ao Parque de Campismo da Arrábida, ia até ao portão, ladrava e voltava a correr pela estrada fora!

Fomos atrás dele e aí percebemos que era o Papucha que ia, todo contente, sozinho pela estrada fora a passear. O Pix não queria deixá-lo sozinho mas também não queria sair do jardim, daí o desespero do pobre bichinho!!!!.....

Dor

Quando a Pulga tinha 4 anos eu trabalhava por turnos e, ao mesmo tempo, estava a acabar o curso o que fazia com que, quando estava no turno da noite, passasse uma semana sem os ver, já que tinha aulas às 8h da manhã e depois ia directa para o trabalho de onde só saía cerca da 1:30h da manhã.
A faculdade era perto da creche da Pulga como tal um dia, duma dessas semanas de "turno da noite", um dos professores faltou e eu fui a correr até ao infantário para ver a Pulga.
Para não baralhar as outras crianças, uma das educadoras foi buscá-la à sala enquanto eu esperava ao fundo do corredor.
Pouco tempo depois lá sai ela toda contente da sala, quando me viu parou durante um bocado, olhou para mim e depois veio a correr:

- Ainda bem que vieste, já não me lembrava bem da tua cara!!!....

Nessa semana já não voltei às aulas...

Os vasos

(Pulga com 4 anos)

- Mãe, o triciclo está de castigo fechado no quarto.
Ele entornou os teus vasos todiiiiinhos!!!.... É mesmo feio, não é?

A prenda para o cozinheiro

(Papucha com 4 ½ anos)

Eu – Quando formos de férias temos que arranjar um presente para o Sr. Mário (o cozinheiro), tens alguma ideia?
Papucha – Pode ser um carrinho!
Eu – Um carrinho? Isso não, para que é que ele queria um carrinho?
Papucha – Então pode ser roupa.
Eu – Está bem!
Papucha – Mas compramos roupa da nossa ou roupa de Moçambicanos?
Eu – O que é “roupa de moçambicanos”?
Papucha – É daquela com buracos e um bocadinho suja!.....

Imagem: http://www.geocities.com/cozinhavirtual/images/Cozinheiro01.gif

Papucha “pintado” – 4 anos e 4 meses

Um dia, depois de ter estado a brincar no jardim com terra molhada “…a fazer barro…” o Papucha tinha lama desde os ténis até à ponta do nariz!
Passei-o primeiro com a mangueira, ainda no jardim e depois meti-o dentro da banheira.
Ele gostava de ficar a brincar dentro da banheira, como tal aproveitei para ir escrever umas cartas.
Ao fim de algum tempo, ele saiu sozinho da banheira e vestiu-se (estava a começar a aprender, mas já se safava bem!). Chegou ao pé de mim e disse:
- Mãe, já estou pintado, estou bonito?
Dei um pulo, ele tinha acabado de tomar banho, não era suposto pintar-se a seguir mas, quando olhei, não vi nada pintado!
- Estou bonito ou não? – insistia ele – Fui eu que me pintei sozinho!!!....
Só aí é que entendi que “pintado” queria dizer mesmo “penteado”!!!!!.....

Imagem: www.esec-barcelinhos.rcts.pt/.../quimic/cabe.gif

Os primeiros dentes

Aos 4 ½ meses a Pulga agarrou no meu dedo, meteu-o na boca e trincou! Fiquei rapidamente a saber que ela já tinha não um mas dois dentes em baixo!...
Como os do Papucha nasceram muito tarde (já tinha 1 ano) não me passou pela cabeça que os dela pudessem aparecer tão cedo!
Nunca descobrimos se tinham nascido os dois ao mesmo tempo se um de cada vez.
A partir daí lá foram aparecendo, uns melhor, outros pior. Felizmente tínhamos uma pomadinha milagrosa, que vinha do Malawi, e que servia para massajar na gengiva para aliviar as dores quando ela estava mais rabugenta!
Com o Papucha eu estava de tal maneira preocupada com a falta de dentes que cheguei a levá-lo ao dentista para saber se estava tudo bem!
Escusado será dizer que fui gozada!!!.... Mas, mesmo assim, o dentista prometeu que lhe oferecia uma dentadura se, até ao ano, não lhe nascessem os dentes. Realmente nasceram, só que o primeiro foi um molar!!!...

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Bola cai......

Morávamos num 3º andar sem elevador num prédio antigo da Graça. Era pequenino mas tinha bastante luz. Uma das janelas da sala dava para aquilo a que pomposamente chamávamos, “a varanda”.

Era uma tira de cimento (ou betão????) com pouco mais de um palmo de largura, com o chão forrado a ladrilhos e protegido por um “muro” até à altura da cintura, mais ou menos. A grande vantagem é que podíamos ter as portas da “varanda” sempre abertas sem qualquer problema porque, como não tinha nenhuma abertura, não corríamos o risco do Papucha cair. Ele em pé, bem esticado, conseguia chegar com a mão ao parapeito, só isso!

Depois de ter passado os três primeiros meses de vida a chorar, transformou-se numa criança razoavelmente simpática. Não era de grandes sorrisos, não gostava de colo mas também não chateava muito desde que estivesse alguém por perto. Detestava estar sozinho!

Para conseguir cozinhar habituei-o a vir para a cozinha comigo tendo o cuidado de não ter nada perigoso nas zonas mais baixas por onde ele andava. Por exemplo, nas portas por baixo do lava-loiças, onde normalmente há detergentes, nós tínhamos dois cestos, um com batatas e outro com cebolas e alhos que ele adorava tirar para fora, limpar com uma fralda e voltar a arrumar nos cestos.

Essa era uma das brincadeiras dele enquanto nós tratávamos do almoço ou do jantar, ao mesmo tempo que mantinha uma animada conversa em “papuchês”, à qual nós íamos respondendo, nem sempre da forma que ele queria.

Num sábado, tinha ele uns dois anos e qualquer coisa, o ritual repetiu-se, nós fazíamos o almoço, o Papucha limpava batatas e cebolas e ia falando connosco. Ao fim de algum tempo achei que a conversa dele era um tanto repetitiva e prestei mais atenção, ele estava mesmo a cantarolar “…bola cai!.... bola cai!...” olhei com mais atenção e percebi que ele repetia a frase enquanto se deslocava, de gatas, entre a sala e a cozinha. Fui atrás dele a tempo de ver que ele chegava à varanda, punha-se em pé com a ajuda da porta e do muro, pegava na batata que tinha trazido na mão, esticava-se, atirava-a para a rua e depois repetia “…bola cai!” com um ar todo contente e voltava para a cozinha.

Fui a correr espreitar pela varanda e qual não é a minha aflição quando vejo o passeio cheio de batatas e cebolas e…., aí entrei em pânico, o meu almofariz! É um almofariz pequeno, de bronze, que estava numa das prateleiras da sala e que pesa 200gr (acabei de ir pesá-lo). Agarrei no Papucha para lhe explicar que aquilo não se fazia mas, ao mesmo tempo disse ao pai que tinha que ir lá abaixo, pelo menos o almofariz tinha que ser recuperado.

Ele lá foi, muito contrariado e todo envergonhado, na esperança de não ser visto por ninguém! Dum lado da porta da rua tínhamos uma mercearia e do outro uma pastelaria, assim que ele pôs a cabeça de fora pensando que não havia ninguém por perto, ouve a voz da senhora da pastelaria:

- Não se preocupe, as crianças são mesmo assim! Olhe as do 1º andar até pratos deitavam cá para baixo!!!!.....

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A escola.....

A Pulga estava ansiosa para ir para a escola como o irmão e os primos.
Achava que, assim que lá entrasse, ia ficar a saber ler e escrever como eles.
Ficou mesmo triste no final do primeiro dia, afinal ".... só fazemos pinturas como na outra escolinha, isso eu já sei!!...."
Ela tinha aulas às 13:15h. A empregada dava-lhe o almoço e levava-a até lá.
Nesta altura já ela tinha deixado de gostar de comer. Demorava horas e reclamava sempre porque nunca gostava de nada....
Ao fim dumas semanas a empregada, preocupada, disse-me que já não sabia o que fazer porque acabavam sempre por chegar atrasadas todos os dias, mesmo quando ela até comia a horas, ia sempre na brincadeira pelo caminho e recusava-se a andar depressa.
À noite chamei-a e disse que assim não podia ser, os horários são para ser cumpridos e ela tinha mesmo que chegar a horas à escola.

- Porquê? Qual é o problema? É tão giro chegar quando já estão lá dentro! Assim ficam todos a olhar para mim!!!!....

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A Pulga e os caracóis....

Nota prévia:

Vamos avançar alguns anos!
Sei que não estou a respeitar a cronologia mas, prefiro assim! Ao almoço lembrei-me desta história e prefiro escrevê-la já, mesmo fora de sítio, a correr o risco de a perder!!!....

Quando tinha uns 5 ou 6 anos, a Pulga foi com o pai, os tios, o irmão e dois primos (mais ou menos da idade do irmão) à Feira Popular comer caracóis. Eu não fui porque, nesse dia, estava a trabalhar à noite.

Soube que ela comeu tantos e tão depressa que o irmão e os primos, para ver se ela parava disseram-lhe que os caracois estavam vivos.

Na manhã seguinte perguntei como tinha corrido o jantar e se ela tinha gostado.

- Coitadinhos dos caracóis mãe, eles estavam vivos, mas eram tão bons!!!!!.....

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Mais problemas de português!!!....

(Papucha aos 4 ½ anos)

Papucha: - Quem trinca os rebuçados fica com sem dentes!
O pai tentou explicar que não se diz “com sem dentes”, diz-se “sem dentes”! Para explicar melhor dá um exemplo:
Pai: - Se eu disser “bife com batatas fritas”, está bem! Agora, se não houver batatas como é que se diz?
Papucha: - Bife com arroz!

A Pulga já rebola!

Aos quatro meses a Pulga aprendeu que, se rebolasse, conseguia chegar a qualquer sítio! Foi o fim …. Nunca mais tivemos um minuto de descanso porque ela nunca mais parou quieta!!!!.....
Um dia, enquanto lhe mudava a fralda, ela guinchava para um saco de plástico cor de laranja que estava aos pés da cama (ela estava junto das almofadas). Virei-me de costas e fui por a fralda à entrada da casa de banho que ficava mesmo ao lado, quando voltei já ela estava com o plástico na mão, toda contente.
Tirei-lho da mão, meti-a outra vez junto das almofadas e deixei o plástico aos pés da cama. Ela olhou para mim furiosa e rebolou novamente a alta velocidade até aos pés da cama para agarrar o saco!....
Foi mais ou menos nessa altura que a Micas (a nossa gata) começou a fugir de casa de cada vez que via a Pulga!
Nunca conseguimos descobrir o que se passou entre elas mas desde aí, bastava a Pulga aparecer para a gata sair disparada pela porta da cozinha ou pela janela mais próxima!!!!........


Imagem1: www.orprog.com.br/images/mochila8_p.jpg
imagem2: www.revistaparadoxo.com/fotos/gato_1.jpg

“As perguntas do Papucha aos 4 anos….”

- Porque as luzes andam quando vamos no carro?
- O vento é bom ou mau? É amigo de quem?
- Porque é que as formigas mordem? São más ou amigas?
- Porque uns ovos dão pintainhos e outros não?
- Para que serve a crista do galo?
- A Micas (a nossa gata) é uma gata porque vai ter gatinhos, não é?
- O pai dos gatinhos também está na barriga dela?
- Porque ela ainda não pode ter gatinhos?
- Como o Jesus pequenino come?
- Como chama-se a mãe dele? É só Maria sem mais nada?
- E quando o Jesus fica da grossura do Pai Natal o que ele come?
- Quem é a mulher do Pai Natal?

- Podemos comer os cabritos pequeninos, muito pequeninos?

Estas perguntas saíam todas duma vez só e quase não nos dava tempo para responder porque queria sempre saber mais!!!!....

Imagem: http://pracadarepublica.weblog.com.pt/pergunta%20do%20dia.jpg

“A queda da Pulga”

Um dia deixámos a Pulga, tinha ela 4 meses, deitada no sofá, com o irmão a tomar conta enquanto fomos por os sacos no quarto. A certa altura o Papucha começa a gritar:

- Oh mãe, ela caiu!!!...

Fomos a correr, ela já estava no chão e ele a segurá-la pela cabeça:

- Então não tomaste conta dela?

- Eu tomi! Ela estava quase a chegar à pontinha, muito à pontinha e eu disse para ela se chegar para lá! Mas como ela é pequenina não percebeu que “para lá” era ali ao fundo do sofá e chegou-se para este lado! Eu ainda agarri na cabeça mas ela fez pááá com as costas no chão! Se calhar magoou-se coitadinha!

“A 1ª sopa da Pulga”

A 31 de Dezembro de 1986 a Pulga comeu a sua 1ª sopa!
Como o Papucha tinha chorado que nem um perdido, cuspiu tudo e deixou tudo sujo à volta dele, pensámos que com ela seria o mesmo. Decidimos levá-la para a varanda, aí podia-se lavar tudo no fim com a mangueira…….
O Pai, quando viu um prato completamente cheio de sopa disse que era um disparate e que a criança não ia comer nem metade!
Pois bem, 15 minutos depois o prato estava completamente vazio e ela só tinha mesmo a boca suja, não deitou nem uma gota fora!!!.....
Enquanto comeu nem se ouviu, era só encher a colher e enfiar na boca!
Depois disso achámos que ela ia dormir até à noite! Pois bem, 1h depois estava acordada e 3h depois do almoço esteve a mamar mais de ½ hora e, como não se calava, ainda tomou um complemento de biberão!!!
Não admira que em 15 dias tenha engordado 400gr e crescido 1 cm………
(Uma semana antes de fazer 3 meses já pesava 5,300kg e media 59 cm!)

Imagem: aquinicaragua.com/titulo2/sopa.JPG

“Arrumação????….”

(Papucha com 4 anos)

Pai: - Porque é que deixaste as canetas na gaveta dos Legos e não as arrumaste no sítio delas que é a gaveta da secretária?

Papucha: - É para ser muito mais rápido!!!.... Assim encontro logo os Legos e as canetas ao mesmo tempo e não tenho que procurar mais!!!.........

“A minha cama….”

Aos 4 anos o Papucha começou a aparecer na nossa cama a meio da noite, como tal resolvi dizer-lhe que, sempre que ele fosse para lá, ficava um dia sem ver televisão.

Na noite seguinte apareceu no quarto, acordou o pai e disse:

- Pai! Eu não venho para a tua cama, mas vem tu um bocadinho para a minha…….


Imagem:http://www.planetanews.com/produto/L/67889/eu-e-minha-cama-maria-de-regino.html

De cá, de cá.....

O Papucha sempre foi muito trapalhão a falar, a primeira vez que foi de férias sozinho com os avós, levou um dicionário que, infelizmente, não chegou aos nossos dias..........

Um dos grandes problemas é que ele falava com um ar sério de quem estava a fazer o mais erudito dos discursos e ficava furioso se nós não o entendíamos!

A primeira grande prova foi descobrir o que ele queria quando começou, apontando na direcção da cozinha, a pedir "cacum"!

Mostrámos água,..., leite,..., pão,..., várias frutas,...,abrimos o frigorífico para ele ver melhor,..., os armários,.... até que, finalmente, fomos até à despensa......... "Cacum!" gritou ele apontando para um frasco de doce de nespera!!!!.... "Cacum" era, como qualquer pessoa poderia imaginar, nada mais nada menos que "compota"!!!!!.......

Outra que ele manteve até muito tarde foi:

"De cá de cá" e "De lá de lá"

Esta não vou traduzir................

Barrasco....

Um dia apeteceu-me fazer batata fria em azeite, exactamente como costumava comer em casa da minha avó, quando tirei uma da travessa comentei:
- Tão bom!!!.... È mesmo o gostinho da batata frita roubada do borralho da minha avó!!!....
Ao jantar a Pulga comentou para o pai:
- Come, sabe a batata frita de "barrasco"!!!!....
- De quê?
- Barrasco, aquela coisa que havia em casa da tua avó!!!.....
Só um pequenino detalhe, nessa altura a Pulga já tinha 20 anos e não fazia uma pequena ideia do que era um ... "borralho"

Imagem: http://sernancelhe.planetaclix.pt/freguesia-faia-023.jpg

....A sopa do Papucha....

Ao contrário da irmã, o Papucha era uma verdadeira peste para comer!
Não gostava de nada, demorava horas e só comia a sopa toda passada o que implicava ter que pôr tudo lá dentro e depois passar com a varinha mágica!
Um verdadeiro horror!!....
Alguns dias até ficava com o estomago às voltas tal era a mistura!!!.... Mas ele lá ia comendo....
Tinha que estar um de nós a dar a sopa e o outro a fazer de palhaço para ver se ele comia alguma coizinha!!!... No final havia sopa por todo o lado menos no estômago dele!!!!....
Consegui um dia que ele comesse mais ou menos porque, contra a vontade do pai, deixei-o enfiar as duas mãos dentro do prato da sopa.
Enquanto ele, todo contente, esfregava as mãos uma na outra dentro da taça, fazendo a maior porcaria deste mundo, fomos conseguindo enfiar-lhe várias colheres de sopa pela boca a baixo.
Nesse dia sim, ele até comeu bem!!!....
No final, a mesa, a cadeira, o chão, nós os dois e ele estávamos cobertos de sopa mas ele até que nem comeu nada mal e estava tão feliz!!!!!....
Lá pelos 10 ou 11 anos começou a gostar de comer e nunca mais parou. Houve uma altura em que, como eu costumava dizer, até um fardo de palha com ketchup ele era capaz de comer.....

A comida da Pulga

A Pulga comia desalmadamente!
Quando a iamos buscar à creche, a conversa da educadora era, invariavelmente a mesma:
- A menina já não precisa de comer mais nada! Basta um banho e depois, cama! Desde a hora do lanche ainda não parou de comer!...
O problema é que quando chegava a hora do jantar ela não parava de comer!
Comia a comida dela e a que o irmão não queria e, mesmo assim, continuava a pedir mais.
Um dia, depois de ter repetido e eu ter dito que já não lhe dava mais nada, teve um ataque de fúria tal que atirou com o prato para o meio do chão e partiu-o em mil bocadinhos!!!...
O problema é que quando chegou aí aos 6 anos, achou que tinha comido tudo quanto precisava e deixou de comer, agora só petisca!!!!.....

“Os dois primeiros meses da pulga…”

Graças ao ar de Moçambique a Pulga, que foi para lá com 15 dias, cresce a olhos vistos!!!....

Em 2 meses cresceu 5 cm, comia “desalmadamente, dormia bem durante quase toda a noite e quase não chorava, a não ser quando tinha fome (que era sempre que estava acordada!!!.....)!

Com cerca de 1 mês aprendeu a virar-se sozinha e aí foi o descalabro total!

Em 2 meses caiu 4 vezes da cama dos pais ou do sofá!!!..... Em nenhuma delas se magoou mas, algumas das “pancadas” que tem hoje em dia devem ser consequência dessas quedas…..

Aos dois meses provou maçã cozida pela primeira vez e adorou!!!...

Aos 2 1/2 meses media exactamente o mesmo que o irmão aos 4 meses, parecia uma bola de carne (pelo menos era assim que a tratávamos na altura….) e passava os dias a mamar. Tentámos dar um complemento com biberão mas não funcionou, ela tinha vómitos com a tetina (daí também não usar chupeta!!!!....) como tal, tínhamos que fazer leite engrossado com Nestun e depois dar à colher!!!

Foi também nessa altura que começou a rir conscientemente, principalmente sempre que o irmão lhe explicava (aos pulos) como é que os índios e os “cawboys” lutam ou então se passava uma mosca a voar à frente dela!!!....



Imagem: baixaki.ig.com.br

“Enfia na cabeça…”

Num domingo fomos almoçar ao Clube, cada mesa tinha uma espécie de paliteiro de madeira com um número pintado.
O Papucha estava a brincar distraidamente com o da nossa mesa enquanto o pai lhe fazia um discurso de moral por causa de uma qualquer asneira que ele tinha feito. No final disse:

- Enfia isso na tua cabeça, ouviste?

- O quê, isto? – responde ele pondo o “paliteiro” com que estava a brincar em cima da cabeça!

Eu dei uma gargalhada tal que dei cabo de todo o discurso anterior!!..... :-(

Imagem: www.boavistafc.pt

“O correio”

Em Moçambique recebíamos correio uma vez por semana, normalmente ao sábado.

Numa das cartas que o Papucha (agora já com 4 anos) recebeu da tia vinham uns cromos do He-Man que ele adorou. Na carta ela perguntava se ele gostava e se queria mais, quando lhe li ele disse logo que sim que queria todos!

Quando chegámos a casa foi pedir ao pai para lhe ler outra vez a carta, quando chegou à parte dos cromos…

- Bolas! A Tia é surda ou quê? Eu já disse que quero mais cromos!!!!.......


imagem: www.cedmagic.com/featured/he-man/he-man.jpg

“Regresso a Moçambique, com a mana!”

A viagem com duas crianças foi bem melhor do que seria de esperar, a Pulga, tirando a parte das descolagens e aterragens em que gritava que nem um bezerro desmamado por causa dos ouvidos, dormiu todo o tempo, só acordou para comer!
O Papucha também dormiu quase toda a viagem. Quando chegámos a Tete e o acordámos para sair, começou a chorar:

- Eu tenho sono, ainda não quero chegar!...

Ainda tentámos pedir ao piloto para dar mais umas voltitas mas ele disse que não dava porque tinha um furo! Resultado, teve que ir ao colo do pai!

imagem: www.podbr.com

“Adeus à chupeta…”

A 16 de Maio de 1986, com 3 anos, 7 meses e 8 dias, ao acordar pela manhã declarou:

- Eu já sou um homem, já não quero mais a chucha, vou deitá-la para o lixo!

E, chegando-se à porta da cozinha, atirou-a para a relva. Quando estava pronto para ir para a escola, dirigiu-se ao local onde caíra o referido objecto e, não o encontrando (o pai já tinha lá ido buscá-la) exclamou:

- Olha, já não está cá, foi o Ilich (o cão que tínhamos na altura) que comeu, agora já não cresce mais, vai ficar sempre pequenino!

Depois do almoço dormia sempre um bocadinho comigo. Fomos para a cama e ele não falou uma única vez na chupeta, mas deu para ver que lhe custou bastante adormecer! Ao acordar olhou para mim e disse:

- Ainda há a chupeta azul que o meu avô me deu, vou deitar para o caixote do lixo!

Foi até ao quarto dele, agarrou no objecto de cor azul e lançou-o nas profundezas do também já referido caixote do lixo!

Quando o pai chegou, ao fim do dia, foi a correr dizer que tinha dormido sem chupeta. À noite, quando íamos a sair do carro depois dum jantar no Club ele exclamou, voltando-se para o porta-luvas:

- Espera, ainda está aqui a chucha amarela, fui eu que guardei!

Pânico na assistência!... Será que foi tudo bluff? Será que ele fez tudo aquilo porque sabia que ainda tinha mais uma de reserva? Não perca o próximo episódio em que o Papucha vai dizer ……

……………………………………..

- Também tenho que deitar esta fora!

E…. deitou mesmo!!!....

Nunca mais, desde aquele dia (já lá vão 21 anos…) ele voltou a falar em semelhante objecto!

Foi um exemplo de coragem, decisão e força de vontade que só muitos anos depois foi seguido por alguns fumadores conhecidos que estavam sempre a dizer “…. Vou deixar de fumar!!!!”


Imagem: http://www.baudobebe.com.br/IMAGENS/Produtos/hora_papinha/Novos01_09_05/chupeta/chupeta_nuk.gif

(Papucha - 3 anos e 7 meses)

Nota: Nesta altura vivíamos, temporariamente, em Moçambique

Ao fim do dia, os empregados punham-se em pé dentro do tanque da roupa para lavarem as pernas.

Num domingo, já depois de ter tomado banho, apareceu-me em casa com as pernas assustadoramente sujas. Agarrei nele e meti-o, em pé, dentro do bidé:

- Mãe, isto assim são os pretos que se lavam, mas é lá fora, não é aqui!!!...


Imagem: anad.org.br/img/jpg/jpgseducativas/pe6.jpg

"Caraças..."

(Papucha - 3 anos e 7 meses)

Quando não havia ninguém para brincar, o Papucha jogava à bola na sala sozinho, ia fazendo os comentários ao jogo, deitava-se para o chão, reclamava, …

Num desses “jogos”, a meio do relato saiu um:

- Caraças, quase era golo!....

O pai, que estava por perto, ralhou porque não se diz “caraças”:

- Está bem, desculpa! – respondeu ele.

À noite, no meio de uma conversa o pai disse “caraças”:

- Assim eu não gosto de ti! Isso não diz-se! Eu, no football disse “caraças” e tu ralhaste comigo!

Não podes dizer isso que é muito feio!

Imagem: http://www.nintendolife.com/images/original/articles/2006/08/07/mario_smash_football_for_wii/attachment/Mario%20Smash%20Football.jpg