Wednesday, June 27, 2007

Dor

Quando a Pulga tinha 4 anos eu trabalhava por turnos e, ao mesmo tempo, estava a acabar o curso o que fazia com que, quando estava no turno da noite, passasse uma semana sem os ver, já que tinha aulas às 8h da manhã e depois ia directa para o trabalho de onde só saía cerca da 1:30h da manhã.
A faculdade era perto da creche da Pulga como tal um dia, duma dessas semanas de "turno da noite", um dos professores faltou e eu fui a correr até ao infantário para ver a Pulga.
Para não baralhar as outras crianças, uma das educadoras foi buscá-la à sala enquanto eu esperava ao fundo do corredor.
Pouco tempo depois lá sai ela toda contente da sala, quando me viu parou durante um bocado, olhou para mim e depois veio a correr:

- Ainda bem que vieste, já não me lembrava bem da tua cara!!!....

Nessa semana já não voltei às aulas...

Os vasos


(Pulga com 4 anos)

- Mãe, o triciclo está de castigo fechado no quarto.
Ele entornou os teus vasos todiiiiinhos!!!.... É mesmo feio, não é?

Monday, June 25, 2007

A prenda para o cozinheiro

(Papucha com 4 ½ anos)

Eu – Quando formos de férias temos que arranjar um presente para o Sr. Mário (o cozinheiro), tens alguma ideia?
Papucha – Pode ser um carrinho!
Eu – Um carrinho? Isso não, para que é que ele queria um carrinho?
Papucha – Então pode ser roupa.
Eu – Está bem!
Papucha – Mas compramos roupa da nossa ou roupa de Moçambicanos?
Eu – O que é “roupa de moçambicanos”?
Papucha – É daquela com buracos e um bocadinho suja!.....

Imagem: http://www.geocities.com/cozinhavirtual/images/Cozinheiro01.gif

Tuesday, June 12, 2007

Papucha “pintado” – 4 anos e 4 meses

Um dia, depois de ter estado a brincar no jardim com terra molhada “…a fazer barro…” o Papucha tinha lama desde os ténis até à ponta do nariz!
Passei-o primeiro com a mangueira, ainda no jardim e depois meti-o dentro da banheira.
Ele gostava de ficar a brincar dentro da banheira, como tal aproveitei para ir escrever umas cartas.
Ao fim de algum tempo, ele saiu sozinho da banheira e vestiu-se (estava a começar a aprender, mas já se safava bem!). Chegou ao pé de mim e disse:
- Mãe, já estou pintado, estou bonito?
Dei um pulo, ele tinha acabado de tomar banho, não era suposto pintar-se a seguir mas, quando olhei, não vi nada pintado!
- Estou bonito ou não? – insistia ele – Fui eu que me pintei sozinho!!!....
Só aí é que entendi que “pintado” queria dizer mesmo “penteado”!!!!!.....

Imagem: www.esec-barcelinhos.rcts.pt/.../quimic/cabe.gif

Os primeiros dentes

Aos 4 ½ meses a Pulga agarrou no meu dedo, meteu-o na boca e trincou! Fiquei rapidamente a saber que ela já tinha não um mas dois dentes em baixo!...
Como os do Papucha nasceram muito tarde (já tinha 1 ano) não me passou pela cabeça que os dela pudessem aparecer tão cedo!
Nunca descobrimos se tinham nascido os dois ao mesmo tempo se um de cada vez.
A partir daí lá foram aparecendo, uns melhor, outros pior. Felizmente tínhamos uma pomadinha milagrosa, que vinha do Malawi, e que servia para massajar na gengiva para aliviar as dores quando ela estava mais rabugenta!
Com o Papucha eu estava de tal maneira preocupada com a falta de dentes que cheguei a levá-lo ao dentista para saber se estava tudo bem!
Escusado será dizer que fui gozada!!!.... Mas, mesmo assim, o dentista prometeu que lhe oferecia uma dentadura se, até ao ano, não lhe nascessem os dentes. Realmente nasceram, só que o primeiro foi um molar!!!...

Imagem: www.odontodicas.com/images/dente.gif

Sunday, June 10, 2007

Bola cai......


Morávamos num 3º andar sem elevador num prédio antigo da Graça. Era pequenino mas tinha bastante luz. Uma das janelas da sala dava para aquilo a que pomposamente chamávamos, “a varanda”.

Era uma tira de cimento (ou betão????) com pouco mais de um palmo de largura, com o chão forrado a ladrilhos e protegido por um “muro” até à altura da cintura, mais ou menos. A grande vantagem é que podíamos ter as portas da “varanda” sempre abertas sem qualquer problema porque, como não tinha nenhuma abertura, não corríamos o risco do Papucha cair. Ele em pé, bem esticado, conseguia chegar com a mão ao parapeito, só isso!

Depois de ter passado os três primeiros meses de vida a chorar, transformou-se numa criança razoavelmente simpática. Não era de grandes sorrisos, não gostava de colo mas também não chateava muito desde que estivesse alguém por perto. Detestava estar sozinho!

Para conseguir cozinhar habituei-o a vir para a cozinha comigo tendo o cuidado de não ter nada perigoso nas zonas mais baixas por onde ele andava. Por exemplo, nas portas por baixo do lava-loiças, onde normalmente há detergentes, nós tínhamos dois cestos, um com batatas e outro com cebolas e alhos que ele adorava tirar para fora, limpar com uma fralda e voltar a arrumar nos cestos.

Essa era uma das brincadeiras dele enquanto nós tratávamos do almoço ou do jantar, ao mesmo tempo que mantinha uma animada conversa em “papuchês”, à qual nós íamos respondendo, nem sempre da forma que ele queria.

Num sábado, tinha ele uns dois anos e qualquer coisa, o ritual repetiu-se, nós fazíamos o almoço, o Papucha limpava batatas e cebolas e ia falando connosco. Ao fim de algum tempo achei que a conversa dele era um tanto repetitiva e prestei mais atenção, ele estava mesmo a cantarolar “…bola cai!.... bola cai!...” olhei com mais atenção e percebi que ele repetia a frase enquanto se deslocava, de gatas, entre a sala e a cozinha. Fui atrás dele a tempo de ver que ele chegava à varanda, punha-se em pé com a ajuda da porta e do muro, pegava na batata que tinha trazido na mão, esticava-se, atirava-a para a rua e depois repetia “…bola cai!” com um ar todo contente e voltava para a cozinha.

Fui a correr espreitar pela varanda e qual não é a minha aflição quando vejo o passeio cheio de batatas e cebolas e…., aí entrei em pânico, o meu almofariz! É um almofariz pequeno, de bronze, que estava numa das prateleiras da sala e que pesa 200gr (acabei de ir pesá-lo). Agarrei no Papucha para lhe explicar que aquilo não se fazia mas, ao mesmo tempo disse ao pai que tinha que ir lá abaixo, pelo menos o almofariz tinha que ser recuperado.

Ele lá foi, muito contrariado e todo envergonhado, na esperança de não ser visto por ninguém! Dum lado da porta da rua tínhamos uma mercearia e do outro uma pastelaria, assim que ele pôs a cabeça de fora pensando que não havia ninguém por perto, ouve a voz da senhora da pastelaria:

- Não se preocupe, as crianças são mesmo assim! Olhe as do 1º andar até pratos deitavam cá para baixo!!!!.....

Imagem1: http://www.solucionathica.com/wp-content/uploads/2007/01/568006401.jpg

Imagem2: http://a-internet-para-as-domesticas-ja.weblog.com.pt/despensa/batatas.jpg

Imagem3: www.leiloeira-rr.com/.../21setembro/dsc03104.jpg

Saturday, June 9, 2007

A escola.....

A Pulga estava ansiosa para ir para a escola como o irmão e os primos.
Achava que, assim que lá entrasse, ia ficar a saber ler e escrever como eles.
Ficou mesmo triste no final do primeiro dia, afinal ".... só fazemos pinturas como na outra escolinha, isso eu já sei!!...."
Ela tinha aulas às 13:15h. A empregada dava-lhe o almoço e levava-a até lá.
Nesta altura já ela tinha deixado de gostar de comer. Demorava horas e reclamava sempre porque nunca gostava de nada....
Ao fim dumas semanas a empregada, preocupada, disse-me que já não sabia o que fazer porque acabavam sempre por chegar atrasadas todos os dias, mesmo quando ela até comia a horas, ia sempre na brincadeira pelo caminho e recusava-se a andar depressa.
À noite chamei-a e disse que assim não podia ser, os horários são para ser cumpridos e ela tinha mesmo que chegar a horas à escola.

- Porquê? Qual é o problema? É tão giro chegar quando já estão lá dentro! Assim ficam todos a olhar para mim!!!!....

Imagem: blog.uncovering.org/.../061013_sala-aula.jpg

Thursday, June 7, 2007

A Pulga e os caracóis....

Nota prévia:
Vamos avançar alguns anos!
Sei que não estou a respeitar a cronologia mas, prefiro assim! Ao almoço lembrei-me desta história e prefiro escrevê-la já, mesmo fora de sítio, a correr o risco de a perder!!!....

Quando tinha uns 5 ou 6 anos, a Pulga foi com o pai, os tios, o irmão e dois primos (mais ou menos da idade do irmão) à Feira Popular comer caracóis. Eu não fui porque, nesse dia, estava a trabalhar à noite.

Soube que ela comeu tantos e tão depressa que o irmão e os primos, para ver se ela parava disseram-lhe que os caracois estavam vivos.

Na manhã seguinte perguntei como tinha corrido o jantar e se ela tinha gostado.

- Coitadinhos dos caracóis mãe, eles estavam vivos, mas eram tão bons!!!!!.....


imagem: http://mariaenelpaisdelosmierdecillas.blogia.com/upload/20060315120943-caracol.gif

Wednesday, June 6, 2007

Mais problemas de português!!!....

(Papucha aos 4 ½ anos)

Papucha: - Quem trinca os rebuçados fica com sem dentes!
O pai tentou explicar que não se diz “com sem dentes”, diz-se “sem dentes”! Para explicar melhor dá um exemplo:
Pai: - Se eu disser “bife com batatas fritas”, está bem! Agora, se não houver batatas como é que se diz?
Papucha: - Bife com arroz!

Tuesday, June 5, 2007

A Pulga já rebola!

Aos quatro meses a Pulga aprendeu que, se rebolasse, conseguia chegar a qualquer sítio! Foi o fim …. Nunca mais tivemos um minuto de descanso porque ela nunca mais parou quieta!!!!.....
Um dia, enquanto lhe mudava a fralda, ela guinchava para um saco de plástico cor de laranja que estava aos pés da cama (ela estava junto das almofadas). Virei-me de costas e fui por a fralda à entrada da casa de banho que ficava mesmo ao lado, quando voltei já ela estava com o plástico na mão, toda contente.
Tirei-lho da mão, meti-a outra vez junto das almofadas e deixei o plástico aos pés da cama. Ela olhou para mim furiosa e rebolou novamente a alta velocidade até aos pés da cama para agarrar o saco!....
Foi mais ou menos nessa altura que a Micas (a nossa gata) começou a fugir de casa de cada vez que via a Pulga!
Nunca conseguimos descobrir o que se passou entre elas mas desde aí, bastava a Pulga aparecer para a gata sair disparada pela porta da cozinha ou pela janela mais próxima!!!!........


Imagem1: www.orprog.com.br/images/mochila8_p.jpg
imagem2: www.revistaparadoxo.com/fotos/gato_1.jpg